Foi em uma sala confortável e aconchegante repleta de elementos esotéricos e com uma música suave e terapêutica que nos recebeu o professor Antony Valentim em Sevilha, depois de manifestarmos nosso interesse em entrevistá-lo presencialmente. Porém, mais do que o impactante ambiente nos chamou a atenção: a simpatia dele e de sua equipe foi ímpar, nos recebendo com calorosos abraços e sorrisos, sem contar o delicioso chá com inúmeras guloseimas que nos foi oferecido.
Todas as ferrenhas regras de distanciamento social foram seguidas rigorosamente, uso de máscara, álcool gel e exame negativo apresentado, exigências de Valentim para abrir uma exceção e nos receber naquela tarde de sexta-feira.
** Este texto não necessariamente reflete, a opinião do Megalópoles
A conversa foi muito agradável, os assuntos verteram para múltiplas trajetórias e que tudo fluiu de uma forma que nem nós esperávamos. Muitos casos, histórias, relatos, reflexões e falas que já de início nos causaram impactos profundos sobre as questões existenciais da vida.
Tony (que assim pediu para ser chamado em vez de Antony Valentim) aos 45 anos de idade aparentou ser pessoa simples, de fácil trato, com bom repertório, antenado com as preocupações sociais contemporâneas e muito ligado em eventos que causaram dor nas coletividades humanas. Foi surpreendente o fato de que encontramos ali uma pessoa realmente modesta, despretensiosa e dotada de uma simplicidade notória, com uma capacidade ímpar de nos tocar a alma com reflexões muito intensas. Havia no ar uma vontade de chorar, não de tristeza, mas de uma felicidade que não eu não saberei explicar em palavras.
Em um dos momentos de nossa conversa, o sorriso generoso se fechou, a face se moldou a uma expressão séria, os olhos se mantiveram fixos no espaço, e alguns minutos de silêncio depois, Tony nos presenteou com uma das mais belas aulas de humanidade que poderíamos ouvir, relatando casos de amor e de dor, de superação e soerguimento, de luta e paz.
Quando olhamos no relógio, duas horas já haviam se passado, quando ele mesmo delicadamente nos perguntou que perguntas gostaríamos de fazer. Àquela altura, já nem sabíamos mais se fariam sentido as perguntas preparadas, mas com a ajuda dele próprio, fomos adaptando-as de acordo com a conversa com este peculiar ser humano.
Repórter: Por que Sevilha?
Antony Valentim: Porque minha astrocartografia aqui é boa em vários sentidos, especialmente no que diz respeito ao campo profissional, e mais especificamente ainda no que tange à minha vocação pessoal. Amo o Brasil de todo o meu coração, tenho lá grandes amigos, mas podemos dizer que minhas linhas de energia, lá, não são muito generosas no sentido de me auxiliar a desenvolver minhas atividades profissionais.
Repórter: Por que é tão difícil encontrar uma foto sua?
Antony Valentim: É um princípio energético. Uma foto é uma arma muito poderosa. Nas mãos de pessoas boas e de bom coração, é uma arma que dissipa as trevas. Mas nas mãos de alguém mal intencionado, a fotografia se transforma em um perigoso canal de ataque ao psiquismo do ser. É uma filosofia pessoal muito enraizada em princípios sólidos de defesa psíquica. Em outras palavras, não deixar minha imagem à mercê do oceano de intenções do mundo, é uma forma de proteger minha capacidade de cooperar na obra do bem e me manter em equilíbrio contra ataques psíquicos de qualquer espécie.
Repórter: Quem são as pessoas que lhe procuram? E o que elas buscam?
Antony Valentim: São pessoas das mais variadas personalidades, jeitos, idades, lugares e vivendo as mais variadas situações. E essencialmente são pessoas que buscam respostas. Querem entender as razões e os porquês dos desafios que enfrentam, e apurar se existem formas de amenizar ou solucionar esses enfrentamentos dificultosos.
Repórter: E elas normalmente conseguem encontrar as respostas que buscam?
Antony Valentim: Sim, embora em grande parte dos casos, não sejam respostas que as agradem. Mesmo assim essas respostas são importantes, porque colocam as pessoas com os pés mais firmes no chão, e ao mesmo tempo com os olhos erguidos para a esperança de dias melhores.
Repórter: De onde vem essas respostas? Da sua intuição?
Antony Valentim: A intuição e a sensibilidade são ferramentas importantes para um bom contato com as pessoas, mas não posso correr o risco de responder às questões apenas baseado em intuição. Outras ferramentas são essenciais para apurar os cenários, como a astrologia, a numerologia, a kabbalah, a quiromancia, a radiestesia, a tarologia, e tantas outras técnicas. Para cada assunto, um conjunto de ferramentas e métodos de análise, mas sempre com o compromisso de dar ao consulente uma resposta coerente com o que é apurado.
Repórter: E os adversários? Eles existem?
Antony Valentim: Ah, sim, existem e são bem vindos, afinal, eles nos ajudam a nos policiar e a nos manter na linha (risos). Não podemos ter a pretensão de agradar a todos. Há inclusive pessoas a quem eu desagrado muito, e se colocam como opositores ferrenhos, mas isso faz parte da vida.
Repórter: Como lidar com esses adversários sem prejudicar sua capacidade de desenvolver seu trabalho?
Antony Valentim: Colocando em prática tudo o que pregamos em termos de paciência, resiliência e caridade. É o deixar que se oponham sem entrar na vibração de oposição. É aceitar humildemente a realidade de que sempre teremos opositores, mas que são irmãos nossos muitas vezes precisando de auxílio, ainda que esse auxílio seja o silêncio e as orações. Afinal, essa seria a recomendação do Cristo. Tal como Ele próprio diante de Pilatos: De que adiantaria falar alguma coisa?
Repórter: Essa visão não é conformista demais?
Antony Valentim: Talvez sim, mas sob a ótica reencarnatória, nada nos acontece sem razão, e ninguém vem a nós sem um motivo. E se alguma rusga surge, é para ser resolvida, não agravada. Como apagar incêndio com petróleo? Claro que devemos defender ferrenhamente nossa cooperação na obra em que estamos inseridos, mas são tantas coisas pequenas que surgem no caminho para abalar nossa paz que se formos dar atenção e mérito a todas, acabamos por ficar loucos. Isso que você chama de conformismo, eu chamo de protocolo de paz.
Repórter: O mercado esotérico é um bom mercado?
Antony Valentim: Bom, para quem está nesse ramo pelo potencial de lucratividade do mercado, sim. Hoje em dia os serviços exotéricos estão vinculados à uma tendência de se alicerçarem em empresas estruturadas e lucrativas, diferente do que aconteceu lá nos anos 80 em que houve uma explosão de serviços esotéricos que logo declinaram por conta do excesso de charlatanismo e das promessas de trazer o amor de volta em 3 dias. Mas meu intuito pessoal não é o de explorar esse mercado visando lucro. Claro que esse trabalho é meu sustento, mas minha intenção não é a de vender algo a alguém, e sim, de estar disponível como finte de conhecimento para ajudar pessoas a esclarecerem suas dúvidas pelo viés do metafísico. Não trabalho, contudo, com promessas e previsões infalíveis, mas sim, com informação e conhecimento para promover discernimento.
Repórter: Você já ajudou outras empresas esotéricas a prosperarem em seus objetivos no mercado?
Antony Valentim: Ah, sim, neste sentido eu realizo um trabalho de consultoria empresarial para ajudar os empreendedores a compreenderem como fugir do amadorismo. Esse, aliás, é o segredo por trás do sucesso de qualquer negócio: profissionalização. Quem me contrata nesse viés, seja uma pessoa física, uma empresa formada, um empreendedor com um projeto em mente, ou um grande portal, recebe orientação técnica voltada para a profissionalização contextualizada para o setor esotérico. O objetivo não é lhes ensinar a prosperar financeiramente, mas sim, o de os ajudar a fazer um bom trabalho, de modo que a consequência natural é a prosperidade no mercado.
Repórter: Por que você não é mais integrante dos grandes portais de consultas online?
Antony Valentim: Na verdade eu sou é muito grato à todos esses e outros portais pelos quais passei e consegui dar minha contribuição, mas fora as especificidades operacionais e estratégicas de cada um deles, o maior motivo de minha saída gradual desses e de outros sites foi a falta de tempo. Mas tenho um carinho e um respeito muito grande por cada um dessas plataformas e seus respectivos proprietários, pessoas com as quais eu desenvolvi relações saudáveis, frutíferas e muito produtivas.
Repórter: Qual é seu conselho para quem está começando agora uma estrada como terapeuta ou prestador de serviços esotéricos?
Antony Valentim: Primeiro, estudar sempre, sem parar. Não importa se seja um estudo na melhor instituição esotérica ou terapêutica do mundo, ou se a pessoa vai se desenvolver como um autodidata; importa é que estude, e que esse estudo ultrapasse em muito os vídeos do Youtube ou os cursos de final de semana. Sou adepto à leitura de materiais consolidados e ao estudo baseado nesses materiais. Segundo, que haja um discernimento pessoal do ser no sentido de compreender se essa é sua vocação ou não. Uma das maiores causas de decepções nessa área é a pessoa mergulhar nesse universo sem vocação para cuidar de outras pessoas. Terceiro e último, que as pessoas vejam sua atuação como terapeuta como um empreendimento em que é preciso oferecer qualidade em todos os aspectos, desde o atendimento passando pela disponibilidade e chegando até a impecável prestação do serviço em si. Não basta fazer como toda a gente. É preciso ser melhor, criar diferenciais, agir com responsabilidade e conduzir sua atividade com muita seriedade.
Repórter: E o Quantec? É mesmo infalível?
Antony Valentim: Minha experiência pessoal com o Quantec sempre foi muito positiva. Eu o usei intensamente para minhas questões pessoais antes de comprar o meu próprio equipamento e atuar por um tempo como representante do aparelho, experiência essa, aliás, que me permitiu um mergulho muito mais profundo no potencial de tratamentos. Mas não posso dizer que o Quantec seja infalível porque ele é muito falível onde os objetivos das pessoas passam por anular as etapas evolutivas que o ser precisa vivenciar. Então tudo depende das expectativas corretas frente à terapia, entendendo que o Quantec não é um realizador de pedidos do ego, mas sim, um aliado colaborador permanente rumo ao desenho do melhor cenário possível frente a um determinado objetivo. Mas muitas terapias além do Quantec são excepcionais, portanto, ele é mais uma opção da grande gama de recursos disponíveis para o bem estar do ser humano. Eu, pessoalmente, não ficaria mais sem o Quantec.
Repórter: Você oferece outras terapias. Elas são melhores ou piores que o Quantec?
Antony Valentim: Nem melhores, nem piores. Tudo depende do que a pessoa precisa naquele momento. Há casos, inclusive, em que nenhuma das terapias que ofereço são adequadas àquela pessoa, e aí eu recomendo vivamente que a individualidade se enverede pelos caminhos da terapia que melhor conversar com sua alma. Da mesma forma, existem outras terapias que para aquela necessidade específica da pessoa naquele momento da vida, deixam muito a desejar frente o Quantec. Então, cada caso é um caso, e a melhor terapia é aquela que seja acessível, disponível e que trata a questão de forma mais contundente para o bem estar do ser humano naquele contexto em que vive.
Repórter: Você pode fazer uma consulta de Tarot para nós aqui e agora?
Antony Valentim: Claro! Você tem uma nota de qualquer valor no bolso?
Repórter: Sim, tenho aqui 5 euros.
Antony Valentim: Me dê, por favor.
Pegando gentilmente a nota e colocando-a sobre o grande pano branco e dourado de uma mesa redonda, Tony me pergunta o que eu gostaria que ele avaliasse, pega um baralho repleto de símbolos da cabala, fecha os olhos, e começa a embaralhar. Menos de 5 minutos depois todas as cartas estão deitadas sobre a mesa e ele começa a descrever detalhes impressionantes do que vê. Eu, em silêncio, ouvia cada palavra tentando conter a euforia de ver na prática o que eu apenas tinha ouvido falar: o humilde professor em ação. Cada virada de carta dava ensejo para comentários múltiplos. Cada comentário ressoava dentro de mim como um raio, ora de alegria, ora de preocupação, mas sempre com a sensação de que aquelas informações faziam total e completo sentido. Tony não quis prever meu futuro, dizendo que no meu caso particular, eu o desenharia com minhas escolhas pois vim ao mundo com o dom de poder controlar meu próprio destino acima da média das pessoas comuns. Mas apontou caminhos e direções que fizeram muito sentido. Cerca de uma hora depois, depois de satisfeitas minhas dúvidas apresentadas ali na hora, voltamos às perguntas.
Repórter: Quando podemos te esperar no Brasil?
Antony Valentim: Honestamente, não sei dizer. Gostaria de ir em 2023, mas confesso que não sei se os compromissos naquela altura me permitirão fazer esse movimento.
Repórter: Existe alguma cidade brasileira que te atrai mais intensamente?
Antony Valentim: Gosto muito de Porto Alegre e cidades da redondeza. Tenho um apreço pessoal por essa região do país.
Repórter: Mas você nasceu em Belo Horizonte, certo?
Antony Valentim: Sim, sou mineiro da gema, como diz a música, nasci na capital das minas de ouro, das montanhas gerais.
Repórter: Mas não há nenhum apreço pela região que você nasceu?
Antony Valentim: Ah, claro, fiz muitos amigos e contatos profissionais nessa região, mas sendo honesto não é um lugar pelo qual eu seja apaixonado. Respeito e honro o lugar em que nasci, e sempre busco cultivar as relações nascidas nessa terra boa, mas é se eu disser que acho ser o melhor lugar do Brasil, estarei faltando com a verdade. Belo Horizonte é uma ótima cidade, mas não é lugar onde eu moraria, por exemplo, exatamente por haver lugares melhores em termos de linhas energéticas.
Repórter: Quais são as coisas preferidas do Antony Valentim?
Valentim: Para além de trabalhar, que é algo que ocupa bastante meu tempo com qualidade, também gosto de ler livros, comer comida boa, fazer pequenas viagens, nadar em noites quentes, dormir bem e conversar sobre o místico, o esotérico, o invisível, o metafísico.
Repórter: O que o Tony não admite jamais?
Antony Valentim: Ah, essa é uma pergunta de difícil resposta. Não tenho rompantes de inadmissão, e o que geralmente me encontra intolerante agora, depois de parar, respirar e refletir, já ganha minha tolerância. Talvez eu tenha uma grande dificuldade em lidar com quem julga as pessoas recorrentemente, e muitas vezes com a falta de humildade que assola as melhores esperanças e sonhos de muitos, mas via de regra, não vejo algo que eu possa dizer ferrenhamente e definitivamente que eu não tolere.
Repórter: O que faz o coração do Tony vibrar de alegria?
Antony Valentim: Ah, essa é bem fácil: humildade. Em qualquer situação ou circunstância, a humildade é algo belíssimo de se ver. É onde o espírito alcança um estágio tal que nada se mantém impossível, e cujo único caminho de destino é a paz do ser. Ver uma pessoa agindo com humildade não apenas me acorda sensações de alegria, mas também de amparo, de aconchego de alma, de vontade de estar perto, de desejo de ajudar. Curiosamente, tenho visto que são nos momentos de maior dor que as pessoas conseguem se tornar suas versões mais humildes, e nessas horas o desejo de estender a mão à elas se torna maior do que todas as forças que se propagam. A humildade é belíssima.
Repórter: Que conselho o Tony dá para quem quer harmonizar a própria vida?
Antony Valentim: Embora essa seja uma resposta muito individual e particular, em termos gerais, o conselho é buscar ajuda sempre que não conseguir se endireitar sozinho. Um bom começo são os centros espíritas kardecistas e as casas apométricas tradicionais, que sempre prestam atendimento espiritual gratuito. Outros caminhos podem se abrir depois desses movimentos iniciais. E em termos de comportamentos, o mais importante é o ser decidir se tornar uma pessoa boa, que não maltrata, não fere, não magoa, não persegue, não machuca, não violenta. É o reto pensar, o reto sentir, o reto falar e o reto agir. É o fazer aos outros o que gostaríamos que os outros fizessem a nós se nós estivéssemos no lugar deles. É parar qualquer movimento de julgamento, depreciação, afronta ou vaidade, e iniciar movimentos de compreensão, paz, valorização, libertação e boa conduta em nível moral e social. Todos esses conselhos são genéricos, sim, eu sei, mas na impossibilidade de dar um conselho genérico que se aplique a todos, podemos dizer que começar a endireitar a própria vida é um movimento muito feliz se dele fazem parte todos esses ingredientes, afinal, é na forma com a qual lidamos com o outro que a vida lidará conosco mesmos. O outro sempre será nossa maior e melhor oportunidade de plenitude.
Finalizada a conversa, recebi um Reiki à segura distância do anfitrião, que ao final do processo, sorriu largamente e me convidou a voltar quando quisesse.
Entrevista realizada em Sevilha, Espanha, em 6 de maio de 2022.